Não
é com individualismo e segregação que teremos vitória, mas com solidariedade e trabalho coletivo.
Temos sido bombardeados/as com
informações preventivas relacionadas ao Coronavírus, na TV, na
internet, no rádio, mas o enfrentamento ao vírus deve garantir
aspectos materiais, além de construir mecanismos de comunicação
para alcançar setores da sociedade que ainda não sabem ou não tem
como se proteger, sim, essas pessoas existem e são milhões.
Como combater um vírus tão
potente com frotas de ônibus reduzidas, causando superlotação, uma
integração lotada às 15h de uma segunda-feira, ônibus sujos e a
população sem condições financeiras de comprar álcool em
gel? A ampliação da frota e a limpeza dos ônibus, elementos já
necessários há anos, agora é uma questão emergencial de
enfrentamento ao Coronavírus.
Como combater o Coronavírus com
corte nos recursos federais para saúde e
com o desmonte do Sistema Único de Saúde? Defender o SUS e revogar
a Emenda Constitucional que congelou gastos públicos por 20 anos,
aprovada por Temer com o voto do Deputado Federal Jair Bolsonaro, é
fundamental para reduzirmos os impactos do Coronavírus em nosso
país.
Ainda é preciso refletir sobre o
impacto econômico na vida do povo, não sobre como o mercado
financeiro especula e tenta ganhar com a crise, mas um plano
emergencial para garantir a população mais pobre meios de se
prevenir e garantir sua sustentação material. É urgente pensar nas
pessoas que vivem de eventos públicos que estão sendo cancelados
como prevenção.
Não adianta deixarmos de ir ao
teatro, a shows, a jogos de futebol e seguirmos jogados nas fábricas,
nos órgãos públicos, nas escolas, nas faculdades, nos ônibus
lotados. É importante pensar em quem recebe por serviço prestado ou
trabalho intermitente. Salários não podem ser cortados e as pessoas
ficarem sem proteção contra o
vírus, a fome e suas contas. É urgente falar sobre isso e construir
alternativas antes de
atingirmos o momento crítico do
Coronavírus em nosso país.
Até pouco tempo atrás não
tínhamos população vivendo nas ruas de João Pessoa, hoje temos
uma frágil política de assistência social que atenda essa
população, a crise do Coronavírus pode ser o momento de ampliar
essa política para além de uma questão emergencial.
As ocupações realizadas por
pessoas que buscam moradia - diante da frágil política de habitação
existente no país, na Paraíba, em João Pessoa e demais cidades –
também não podem ser esquecidas, além dessas pessoas serem parte
de um necessário plano emergencial, as políticas públicas de
habitação precisam ser repensadas.
Vivemos uma das maiores crises
hídricas da história, mas os gestores públicos se limitam (em sua
maioria) a espera das chuvas e ao velho caminhão pipa. Sem água o
vírus que enfrentamos ganha força, mais uma vez percebemos o quanto
a não existência de políticas públicas - ou o desmonte das
existentes - são as maiores brechas para
crise do Coronavírus.
Precisamos ir para além do
“lavar as mãos”, para além de individualizar a responsabilidade
no enfrentamento ao Coronavírus, é preciso construir um plano
emergencial para além das UTI´s, é preciso repensar a
reestruturação das diferentes políticas públicas e enfrentar a
política de desmonte imposta pelos defensores do Estado Mínimo que
colocam em risco a vida de milhões de pessoas.
A desigualdade social é um
caminho aberto para proliferação do vírus na Paraíba e em todo o
mundo, estudiosos apontam que a atenção ao momento crítico do
vírus é central para sociedade ganhar essa batalha, ampliar e
remanejar recursos públicos nas diferentes Políticas Públicas,
além de chamar a responsabilidade de gestores públicos e privados,
é fundamental para superarmos esse difícil momento coletivo.
Não é com individualismo e
segregação que teremos vitória, mas com solidariedade e trabalho
coletivo. Seguem algumas sugestões para esse momento de crise.
-
Ampliação imediata das frotas de ônibus nas diferentes linhas do transporte público e higienização regular dos veículos.
-
Distribuição de álcool em gel para famílias cadastradas no CadÚnico, assim como fiscalização e punição aos comerciantes que tentem ganhar com atual crise ao aumentarem o preço do álcool e outras mercadorias de forma abusiva.
-
Revogação imediata da Emenda Constitucional nº 95 (congelamentos dos gastos públicos, inclusive para o Sistema Único de Saúde).
-
Cadastramento imediato dos/as trabalhadores/as ambulantes e garantia de renda nos moldes da renda recebida por pescadores/as no período de defeso. No mesmo molde essa renda deve ser garantida aos/as trabalhadores/as intermitentes que tiverem sua renda cortada devido a crise do Coronavírus.
-
Garantia do pagamento dos salários de servidores/as efetivos/as ou temporários/as, trabalhadores/as com carteira assinada e outros tipos de contratos de trabalho, em caso de suspensão das atividades devido a crise do Coronavírus.
-
Criação de Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua emergencial, com espaço para acolhimento no caso de famílias ou indivíduos que não tenham onde ficar, com foco na crise do Coronavírus.
-
Intensificar o trabalho preventivo presencial nas periferias e ocupações.
-
Garantir fornecimento de alimento e água nas periferias e ocupações que tenha mais dificuldade no período de crise do Coronavírus.
João Pessoa, 17 de março de
2020.
Tárcio Teixeira
Presidente do PSOL/PB
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