Verdade,
não sou nenhum estudioso do assunto, mas sou um militante social e, por ser um
pouco conhecido, as pessoas chegam para pedir ajuda, em algumas situações uma
simples orientação já é muito, em outras busco parcerias, mas existem momentos
que demandam a boa e velha denúncia, atos de rua ou judicialização.
Sim,
mas hoje quero falar sobre um tema que não sou conhecedor, o Autismo, mas
associado a outro tema que conheço muito bem, a burocracia estatal, que
dificulta o acesso a direitos, e o caos na saúde pública.
Hoje
recebi uma ligação de uma mãe revoltada, e com infinitas razões para isso. Ela leu
uma reportagem na página do Governo do Estado da Paraíba, datada de 27 de
janeiro de 2020, com o título de “Governo da Paraíba emite Carteira de Identidade
do Autismo”, mais revoltada ela ficou quando no começo do segundo parágrafo
dizia que o “documento de identificação é emitido na hora da solicitação e é
gratuito”.
O
motivo da revolta com uma notícia aparentemente tão positiva? Essa mãe não teve
acesso a carteira de seu filho, que, entre outras importantes garantias, será o
censo do autismo no Brasil. A FUNAD exige laudo atualizado e que ele seja feito
exclusivamente por médico do SUS, esse senhora soluçava, mas dizia com sua voz
firme que “o Autismo não tem cura, para que laudo atualizado?”, dizia ainda: “pelo
SUS serão vários meses para conseguir um laudo”.
Só
tenho que concordar com essa mãe, trabalho na Promotoria da Saúde, vejo a
negativa e a demora para o atendimento por diversas especialidades médicas na
Gestão Municipal, mas não é justo o Governo do Estado, a FUNAD, jogar essa
responsabilidade para prefeitura e negar a Identidade do filho de muitas mães
por motivo tão mesquinho.
Espero
que não venham com falsas justificativas técnicas, mas caso cheguem com elas, lembrem
antes que não precisam criar falsas expectativas com propagandas midiáticas de
que "fazem e acontecem", sem na prática atender essa e outras centenas de mães que querem
fazer o filho existir no censo do Autismo.
O
que fiz? Sugeri uma denúncia na Promotoria do Cidadão (para reivindicar a
carteira de seu filho) e, caso precise da consulta de toda forma, na Promotoria
da Saúde. Além disso, eu disse que faria esse texto e enviaria para pessoas que
poderão tornar essa situação pública, ampliando o grito dessas famílias, mais
que o encaminhamento técnico, ela gostou da força e apoio com essa posição política. É
pouco, mas é o que posso nesse mundão injusto!