Quem
acompanha o blog Vida Vivida, ou as redes sociais vinculadas ao blog, deve
lembrar do texto publicado sobre os atos dos dias 13 e 15 de março (http://www.tarcioteixeira.com/2015/03/13-ou-15-de-marco-o-que-voce-defendeu-o.html),
pelo visto estávamos em uma análise próxima da realidade, mas alguns teimam em
repetir o erro. Nas próximas linhas relacionaremos os atos do mês de março aos
atos unificados de maio e agosto de 2015.
Após
um debate programático, deixando claro até onde entendemos existir unidade nas
mobilizações, vou fazer questão de repudiar a postura de alguns sindicalistas
filiados ao PT que tentam liquidar os/as que pensam diferente com o mesmo
método daqueles que alguns chamam de “coxinha”, com base na mentira e no
aparelhamento das estruturas sindicais.
Sabemos
que muitas pessoas, principalmente os defensores do Governo Dilma, precisam
administrar muitas contradições e traições, são muitos os métodos usados para
afastar os/as lutadores/as sociais que apresentam um programa verdadeiramente
necessário e atual para classe trabalhadora na conjuntura atual; adiantamos que
esses métodos não nos afastarão da luta ou da busca por unidade programática,
mas também não ficaremos calados, sigamos ao texto.
Após março, quais os rumos das direções e do povo no pós 16 e
20 de Agosto?
Primeiramente
dizer que ninguém promove um golpe ou defende-se de um golpe sem o devido apoio
popular, sem os/as trabalhadores/as na base de apoio. Em outras palavras, os/as
trabalhadores/as estavam presentes nos dois atos de março, contudo, existem
diferenças em suas direções. A direção que organizou o primeiro ato (13 de
março) teve como objetivo a defesa do Governo; já os/as dirigentes do segundo ato
(15 de março) tentaram canalizar a insatisfação com o governo para um golpe. Motivos
mais que suficientes para o PSOL não ter ido em nenhum dos dois atos e para o primeiro
ato ter tido milhares de pessoas a menos.
O
atual Governo é indefensável, MPs retirando direitos trabalhistas, desmonte da
saúde e da educação pública, entrega da Petrobrás, Agenda Brasil e o Ajuste
Fiscal como um todo. Nenhuma criança do ensino básico vai cair na balela de proteger
Dilma/PT e responsabilizar Levy e Eduardo Cunha (PMDB/RJ), como se a Presidenta
da República e seu partido, o PT, nada tivesse com a retirada de direitos que
sofre o povo brasileiro.
As
pessoas não estão dispostas a aceitar golpe, a correr o risco de ter Cunha ou
Renan Calheiros na Presidência da República; não estão dispostas a ter novas
eleições, a maior parte do povo brasileiro compreendeu o impacto do poder
econômico no processo eleitoral; não tem no PSDB de FHC, Aécio Neves e Cássio
Cunha Lima, uma referência positiva, apenas aspectos nefastos ao país, a exemplo
da entrega da Vale do Rio Doce, o processo do Mensalão Mineiro, do Metrô de São
Paulo, a cassação de Cássio, entre tantos outros escândalos que envolve a
tucanada.
Arrisco
dizer que a redução nos números de cidades que realizaram atos no dia 16 de
agosto é resultado do descrédito do povo com a direção golpista (PSDB, PMDB,
DEM e Outros) que vem organizando e convocando esses atos; arrisco ainda
afirmar que os atos que estão sendo convocados para defender o Governo, como
vem fazendo parte do movimento sindical em Pernambuco, serão verdadeiros fiascos.
E só existem dois caminhos, o governo e a oposição golpista de
direita?
Apesar
do Presidente da CUT-Paraíba, pressionado pelo SINTEP (Sindicato dos
Trabalhadores em Educação do Estado da Paraíba) e pelo SINTEM-JP (Sindicato dos
Trabalhadores em Educação de João Pessoa), não ter escondido seu incômodo com a
presença do PSOL nas reuniões preparatórias para o ato unificado do dia 29 de
maio, “Contra a Terceirização, Medidas Provisórias 664 e 665 e o Ajuste Fiscal.
Em Defesa da Democracia”, após escutar as outras entidades presentes ele acabou
compreendendo a importância de realizar um ato unificado com todos que querem
defender os direitos dos trabalhadores. O ato do dia 29 de maio foi superior
aos do dia 13 de março por um motivo simples, o seu programa.
Nós
do PSOL não participaremos de nenhum ato em defesa do governo ou de golpe.
Farei
questão de representar o PSOL nos atos do dia 20 de agosto que defenda a pauta
que vem sendo construída nacionalmente por diversas entidades e movimentos sociais.
Felizmente, aqui na Paraíba, durante a reunião para debater o ato do dia 20 de
agosto, os/as presentes foram na linha da defesa dos direitos e não da defesa
do governo. A pauta nacional para os atos do dia 20 é: “Contra
o ajuste fiscal! Que os ricos paguem pela crise! - A política econômica
do governo joga a conta nas costas do povo.”; “Fora
Cunha: Não às pautas conservadoras e ao ataque a direitos!”; “A saída é pela
Esquerda, com o povo na rua, por Reformas Populares!”.
A
pauta que precisa ser defendida por todos deve ser a mesma que ecoou nas ruas
em 2013, nada mais que as: “Reformas necessárias para o Brasil: Reforma
Tributária, Urbana, Agrária, Educacional, Democratização das comunicações e
Reforma democrática do sistema político para acabar com a corrupção e ampliar a
participação popular”.
Compreendemos que não
existe apenas uma polarização entre governo e golpe, existe o caminho do
Programa, da pauta a ser defendida, esse deve ser o caminho dos que querem a
transformação social e a conquista de direitos.
Permitam mais uma
conjectura, agora sobre os atos do dia 20 de agosto, eles serão importantes,
mas milhares de trabalhadores/as e estudantes não participarão por desconfiar
de algumas organizações que estão na convocando e preparando os atos, entidades
que não possuem mais a mesma representatividade de outrora. Para ampliar as
vitórias vamos precisar da horizontalidade e das mobilizações de 2013.
E
por que querem calar o PSOL?
De
um lado, Eduardo Cunha pauta na Câmara dos Deputados uma contrarreforma que tem
endereço certo, calar o PSOL, único partido com representação no Congresso
Nacional que não recebeu nenhum centavo das empresas envolvidas na Operação Lava
Jato, único partido com representação no Congresso Nacional que teve uma
candidatura a presidência que destoou das propostas que hoje são apresentadas
no Congresso.
Do
outro lado, o PT, ao lado do PSDB, PMDB, DEM, PTB, PP e outros partidos
aprovaram a lei antiterrorismo, que coloca em risco a autonomia e a luta dos
movimentos sociais em nosso país, apenas o PSOL e o PC do B votaram contra.
Na
Paraíba também seguem os ataques ao PSOL. Sindicalistas filiados ao PT
aprovaram no Congresso Estadual da CUT (CECUT/PB), realizado entre 06 e 08 de
agosto do corrente ano, uma moção de repúdio com acusações graves e mentirosas
contra duas centrais sindicais, a Conlutas e a Intersindical, segunda nem
sindicato filiado na Paraíba possui; e contra dois partidos da esquerda
socialista, o PSTU e PSOL.
A moção, apresentada pelos
diretores do SINTEM e do SINTEP, não se limita ao debate político, ao afirmar
que PSTU, PSOL, Conlutas e Intersindical, estavam articuladas com a direita
conservadora; a moção aprovada no CECUT/PB ainda afirma que desrespeitamos “idosos/as,
mulheres e aposentados/as da base”.
Sem freio, como Cunha no
Congresso Nacional, a maior instância da CUT na Paraíba ainda nos acusa de ter
quebrado “o Auditório do SESI, o Ginásio do Esporte Clube
Guarany, o Auditório da Federação Espírita da Paraíba, além de socos e pontapés
nas Assembleias em frente ao Liceu Paraibano”; e seguem nos acusando de
espancar funcionários da sede da entidade, quebrar e pichar o prédio e, pasmem,
de roubar pertences pessoais de trabalhadores/as alojados nas dependências do
SINTEM.
São acusações descabidas de duas
direções que estão desesperadas ao perceber que os/as professores/as não estão
dispostos a seguir sendo dirigidos/as por pessoas que contratam segurança
privada para impedir o debate democrático nas assembleias da categoria; por
pessoas que acabam assembleia sem votar, sem garantir o direito democrático das
pessoas falarem. Situações idênticas nas greves da educação de João Pessoa e da
Paraíba.
No caso do SINTEM é ainda mais problemático,
trabalhadores/as da educação municipal estão precisando entrar na justiça para
conseguir garantir sua filiação ao Sindicato, já que é necessário ter um ano de
filiado/a para compor chapa nas eleições que ocorrerão no segundo semestre do
próximo ano (2016), mesmo período que Benilton Lucena, Diretor do SINTEM,
possivelmente concorrerá a reeleição de vereador.
As direções sindicais enraizadas
nos sindicatos há décadas não estão acostumadas a uma base participativa e a um
debate horizontal, base essa que tem percebido a forma democrática como o PSOL
contribui, sem impor sua política e compreendendo que os militantes sem
filiação partidária é tão importante quando qualquer outro.
Sabemos que a moção em análise
possui o objetivo não só de caluniar o PSOL e os demais envolvidos, mas afastar
o PSOL do debate política nos espaços unitários da classe trabalhadora, como
tentaram fazer no ato de 29 de maio, mas não cairemos em arapucas, não nos
afastaremos da luta. Os governistas de plantão, defensores do Ajuste Fiscal de
Dilma/Levy e da Agenda Brasil que administrem suas contradições.
Evitando que as entidades que
foram caluniadas (PSOL, PSTU, Conlutas e Intersindical) precisem entrar na
justiça burguesa, sugerimos a formação de uma Comissão de Ética composta por
pessoas indicadas em comum acordo pelas organizações envolvidas neste caso.
Caso não seja possível a formação da Comissão de Ética, lamentável, teremos que
acessar o Judiciário.
Por fim, independente das
acusações descabidas que nos fazem, estaremos no dia 20 de agosto na luta
contra os ajustes de Dilma/Levy, por direitos e por democracia.