Tentar debater em um pântano é o
mesmo que pedir para afundar na areia movediça. Nunca tive problema em ser
minoria, não estou com isso dizendo que é bom ser minoria, mas que é preciso
ter a mesma responsabilidade (as vezes mais) que as pessoas que dirigem determinados processos; “vomitar” diferenças políticas e/ou inviabilizar
espaços coletivos (partido, movimento ou outro), em nome de um processo de
autoconstrução, é muito pequeno para quem diz ter como inimigo uma fera chamada
Capitalismo.
Vejamos nossas entidades de classe, são muitas as táticas utilizadas em um processo de disputa eleitoral, algumas legítimas e outras imorais e ilegais; por mais duras que elas sejam eu não fico surpreso com muita coisa que vejo, ainda com muita raiva, mas não surpreso; mas sabem de que tenho mais raiva ainda? Quando passam a esvaziar uma direção já formada com o objetivo de fazer não funcionar, nesse caso acho uma palhaçada e uma agressão aos que esperam seu sindicato ou partido em pleno funcionamento. Em todas as gestões que estive, sendo maioria
ou minoria, estive presente nas reuniões, plenárias e congressos; não só presente, mas cumprindo as mais diferentes tarefas; ganhando ou
perdendo votação, mas contribuindo para o funcionamento, seja como tesoureiro,
presidente, delegado, ou um militante sem cargo de direção.
Também presenciei movimentos e
táticas coletivas que vinham em uma crescente contra o capital (ou contra uma
“simples” burocracia sindical) serem destruídas por um processo estreito de
autoconstrução de uma ou outra organização. Algumas vezes são criadas divergências minúsculas onde as unidades poderiam ser
bem superiores; em outras vezes simplesmente o espaço é esvaziado por alguns que querem fazer "um movimento para chamar de seu". Entendo, acredito que você também, que em muitas oportunidades é mais correto deixar de expor divergências “não tão pequenas” em nome de
ações coletivas que, em minha avaliação, seriam fundamentais na formação de uma
frente para alcançar nossos objetivos de classe.
É verdade que as eleições não podem ser
deixadas de lado, mas muito menos podem ser nosso fim; elas mais tem nos dividido nas lutas que nos unificado na hora do voto. Vivemos um momento de
importantes levantes, manifestações de milhares, milhões de pessoas;
ingenuidade (ou oportunismo) querer reduzir a participação dessas pessoas nas
ruas a “inconscientes levados pela moda”, a pauta das ruas, das pessoas que
estão nas ruas, é concreta! Não podemos diminuir ou escamotear nossas análises
pelo fato dessas mobilizações não se encaixarem nos modelos (ou receitas) que
alguns vendiam em seus discursos como certos. A dialética não significa modelos prontos
para tomar o poder, nem nas ruas, nem nas eleições!
Desculpem o desabafo, não acho
justo desqualificar um ou outro por não participar de certas atividades (atos,
reuniões, ocupações, místicas...), seja por tempo, prioridade ou medo (polícia,
emprego...); mas acabam vestindo a carapuça de desqualificados aqueles que não
constroem e não permite que os outros construam. Obviamente essa observação é
voltada para os que estão no mesmo campo político, aqui não falo
necessariamente da mesma organização, mas da luta de classes.
Por mais horizontal que seja construindo determinado processo (ato, passeata, organização política, debate), sempre alguns/mas militantes estão mais orgânicos e são tidos/as como referência pelos demais envolvidos no processo; por mais que alguns não gostem, eu os/as tenho como meus dirigentes. Entendo que ser dirigente significa, entre
outras coisas, sair da zona do conforto; significa abrir mão de muitos
projetos, inclusive os pessoais; significa também, esse talvez seja o mais
difícil, reconhecer sua incapacidade ou limites momentâneos (física, de tempo,
de prioridades...) e permitir que outros/as entrem e passem a assumir
importantes tarefas de direção. Dirigentes são únicos, no sentido de não
existir um igual ao outro, mas não são deuses, não são insubstituíveis em suas
tarefas, não são incontestáveis.
Precisamos ter sensibilidade para o atual momento e para importância de garantir,
minimamente, o respeito entre os que lutam por uma sociedade sem exploração de
classe, etnia e gênero.
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